Terça, 22 de Julho de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou, nesta segunda-feira (21), que a defesa da democracia é uma responsabilidade compartilhada entre governos, cidadãos e instituições. A declaração ocorreu durante uma reunião de alto nível sobre a defesa da democracia em Santiago, no Chile, organizada pelo presidente chileno Gabriel Boric.
“Nesse momento em que o extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas, precisamos atuar juntos. A defesa da democracia não cabe somente aos governos. Requer participação ativa da academia, dos parlamentos, da sociedade civil, da mídia e do setor privado”, afirmou Lula após o encontro.
Além de Lula e Boric, participaram do evento Democracia Sempre os presidentes Gustavo Petro (Colômbia), Pedro Sánchez (Espanha) e Yamandú Orsi (Uruguai). Os líderes se reuniram com representantes da sociedade civil, acadêmicos e especialistas em políticas públicas para debater temas cruciais.
As discussões centraram-se em três eixos principais: a defesa da democracia e do multilateralismo, o combate às desigualdades e as tecnologias digitais e o enfrentamento à desinformação. Lula enfatizou a necessidade de ações urgentes para conter a crescente onda antidemocrática global.
“A democracia liberal não foi capaz de responder aos anseios e necessidades contemporâneas. Cumprir o ritual eleitoral a cada quatro ou cinco anos não é mais suficiente. O sistema político e os partidos caíram no descrédito. Por essa razão, conversamos sobre o fortalecimento das instituições democráticas e do multilateralismo em face dos sucessivos ataques que vem sofrendo”, explicou Lula.
Os líderes também enfatizaram a importância da regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação para restaurar a capacidade dos Estados de proteger seus cidadãos.
“A chave para um debate público livre plural é a transparência de dados e uma governança digital global. Que a liberdade de expressão não se confunda com a autorização para incitar a violência, difundir o ódio, cometer crimes e atacar o Estado democrático de direito”, defendeu Lula.
O grupo de presidentes convocou a sociedade civil para colaborar na construção de propostas de reformas estruturais para combater as desigualdades.
“Não há justiça em um sistema que amplia benefícios para o grande capital e corta os direitos sociais”, argumentou Lula, defendendo a justiça tributária e a taxação dos super-ricos.
“Só o combate a desigualdades sociais, de raça e de gênero pode resgatar a coesão e a legitimidade das democracias. A crise ambiental introduz novas formas de exclusão com os impactos desproporcionais para os setores mais vulneráveis. Sem um novo modelo de desenvolvimento, a democracia seguirá ameaçada por aqueles que colocam seus interesses econômicos acima dos da sociedade e da pátria”, concluiu o presidente brasileiro.
O encontro ocorre em um contexto de tensões globais, marcado pelos ataques tarifários de Donald Trump contra diversos países, incluindo o Brasil.
Este evento dá seguimento à primeira reunião de alto nível Em Defesa da Democracia: Lutando contra o Extremismo, realizada em setembro de 2024, à margem da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, convocada por Lula e Pedro Sánchez.
A próxima reunião está agendada para a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova York, com a participação esperada de líderes de México, Inglaterra, Canadá, Honduras, Austrália, África do Sul e Dinamarca.